Arquitetura e economia circular na era dos espaços compartilhados

economia circular tem sido um modelo também aplicado no setor de arquitetura e construção com objetivo de produzir projetos de edificações mais eficientes, funcionais e sustentáveis. Os 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) utilizados como estratégias da economia circular já estão famosos, sendo que o primeiro R, “Reduzir”, deve ser o item inicial buscado nos projetos. Nessa ótica, um dos itens mais eficientes para reduzir o consumo de materiais, recursos naturais e custos nos projetos de edificações é a diminuição do tamanho dos ambientes ocupados e da área construída (isto é, mantendo os níveis adequados de qualidade do espaço, como acessibilidade, ventilação e iluminação natural, compatibilidade com o layout, etc.).

Essa é uma tendência que tem sido observada em muitos projetos como alternativa ao maior adensamento do espaço urbano devido entre outros fatores aos elevados custos de moradia. Em alguns países, observa-se que cidades estão sendo “esvaziadas” com o envelhecimento da população e saída do grupo mais jovem para locais onde existe maiores oportunidades, que, normalmente são cidades mais conectadas à economia global e altamente densificadas. Dessa forma, cidades mais compactas e densamente ocupadas tendem a ser o modelo buscado seja pela busca de locais concentradores de empregos e oportunidades, questões relacionadas à eficiência de recursos e mudanças climáticas ou, recentemente, pela a crise sanitária causada pelo COVID-19. É nesse tipo de organização espacial que é possível encontrar com maior facilidade o acesso a diversos serviços essenciais, como energia, água, saúde, infraestrutura, comunicação, etc. e maior proximidade com os locais de oferta de emprego.

Somado a isso, o modelo que conhecemos de sociedade está mudando, em que uma parcela grande da população permanecerá solteira, sem filhos e muitas vezes solitária. Nesse sentido, é de se esperar que muitos dos projetos atuais não conseguirão atender bem as necessidades dessa “nova” sociedade.

Compartilhamento de espaços: coworking, cohousing, coliving e co-lares

A partir do contexto apresentado, o modelo de compartilhamento ou sharing (que também é uma estratégia importante da economia circular) de espaços parecia ser cada vez mais oportuno e aceito pela sociedade (atual e futura). O novo questionamento é, será que esta forma de pensar o ambiente construído continuará a ser uma tendência pós-COVID-19? Por um lado, a necessidade de isolamento das pessoas, para evitar a contaminação do vírus, e, por outro a importância do contato humano e físico para o bem estar social dos indivíduos. Dessa forma, o que esperar?

Como o ser humano é uma espécie altamente social e pensando em um futuro com maior necessidade de projetos mais eficientes (entre outros fatores, devido à falta de espaço nos grandes centros urbanos, escassez de recursos, impactos causados pelas mudanças climáticas, etc) acredita-se que esse compartilhamento de espaços não entrará em colapso, e, sim haverá uma evolução e adaptação desse modelo. Por exemplo, com o uso de tecnologias de desinfecção, como cabines de ozônio ou ultravioleta, aumento de tecnologias touchless, uso de sensores ligados a dispositivos da internet das coisas (IoT) e inteligência artificial (IA) para visualização em tempo real do risco de contaminação e nível de qualidade do ar do ambiente. Outro aspecto importante será a forma de gestão desses espaços, que muitas vezes é realizada por empresas especializadas, também chamadas de facilities managers, que já estão criando procedimentos de segurança mais rígidos e inteligentes.

É esperado também que muitas pessoas, principalmente aquelas que moram em grandes centros urbanos, busquem formas menos rígidas de vida, seja na forma de contratos de aluguel ou na forma de adaptar seus espaços (privados ou comunitários). O isolamento social mudou e está mudando completamente a forma de usar esse espaço, que agora é utilizado além dos serviços básicos, para praticar exercícios físicos, home office, lazer ou até mesmo servindo de estúdio para fazer shows e apresentações artísticas.

Dessa forma os projetos “co”, como coworking, coliving, cohousigng e co-lares tendem ainda ser buscados e, talvez ganhando ainda mais espaço no futuro próximo. Coworkings são os mais comuns, já sendo comercializado por grandes empresas e bancos como WeWork, Google (Google for Startups em São Paulo) e Itaú (Cubo), como uma grande influência do boom de modelos de negócio do tipo startups. O coworking por definição significa o compartilhamento do espaço, recursos e outros serviços (internet, telecomunicações, cafés ,etc.) relacionados ao trabalho. Muitas tipologias de edificações já possuem seus espaços dedicados ao coworking, como shoppings, hotéis, uso misto (residencial e comercial) ou até mesmo edificações inteiras com ambientes de coworking.

Acesse a matéria completa na fonte: ArchDaily

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