Portal CREA-SP – Notícias – Crea-SP participa de grupo que solicita revisão de guia alimentar do Ministério da Saúde
Profissionais se mobilizam para sugerir alterações na classificação de alimentos ultraprocessados
A Engenheira de Alimentos Cláudia Paschoaleti, diretora adjunta de Valorização Profissional do Crea-SP, faz parte de um grupo de profissionais criado em 2020 que vai solicitar mudanças na classificação de alimentos ultraprocessados inserida no Guia Alimentar para a População Brasileira em edição de 2014. O trabalho foi publicado em 2006 pelo Ministério da Saúde e apresentou as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a população. Segundo a Engª Cláudia, o documento foi criado como instrumento para apoiar e incentivar práticas alimentares saudáveis no âmbito do indivíduo e da coletividade brasileira. “Porém, agora há necessidade de uma revisão quanto à classificação dos alimentos incluída no guia”.
Na atualização de 2014 foi inserido um sistema de classificação denominado NOVA, de acordo com o tipo de processamento empregado na produção de alimentos, em quatro categorias: 1) Alimentos in natura ou minimamente processados; 2) Ingredientes culinários processados; 3) Alimentos processados; e 4) Alimentos ultraprocessados. Cláudia explica que outras iniciativas pedindo uma revisão foram realizadas anteriormente, mas não tiveram representatividade suficiente para atingir o objetivo.
A engenheira de alimentos avalia que não há justificativa para a inclusão do conceito ultraprocessado, que é considerado equivocado e impreciso por especialistas das áreas de Engenharia, Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Grupo de profissionais
Além da diretora do Crea-SP, compõem o grupo que trabalha na demanda os professores Marco Antônio Trindade, Alessandra Lopes e Rodrigo Petrus, todos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, e a vice-presidente da Associação Brasileira dos Engenheiros de Alimentos (Abea-SP), Engª Alim. Renata Fantaccini.
A diretora do Crea-SP explica que o grupo já fez uma petição pública em nome da Abea-SP para coletar assinaturas solicitando a revisão do Guia, levando, assim, a discussão para a sociedade. “Temos participado de vários eventos explicando a importância da revisão. Vamos investir na publicação de artigos, assinados pelos professores do Departamento de Engenharia de Alimentos da USP, sobre a importância da revisão da Classificação NOVA e pretendemos estimular as Instituições de Ensino Superior da área de Engenharia, Ciências e Tecnologia de Alimentos a solicitar aos Ministérios da Saúde e da Agricultura a criação de uma equipe multidisciplinar com a presença destes profissionais para a revisão do Guia. Queremos que os Engenheiros de Alimentos sejam ouvidos, pois são os profissionais mais habilitados a emitir pareceres na área”.
Classificação pode confundir
Cláudia Paschoaleti não questiona a importância do Guia Alimentar quanto à orientação à população e nem ao trabalho dos profissionais que participaram de sua elaboração, mas, sim, a classificação dos alimentos de acordo com o tipo de processamento. “Essa classificação acaba confundindo a sociedade. O Guia classifica alimentos ultraprocessados como formulações de baixo custo, com grande apelo sensorial e comercial, envolvendo diversas etapas e técnicas de processamento e muitos ingredientes na sua formulação (frequentemente cinco ou mais). Um produto alimentício pode ser minimamente processado e conter cinco ou mais ingredientes, como, por exemplo, vitaminas de frutas. Fica evidente um ataque aos alimentos industrializados sem uma justificativa plausível”.
A diretora do Crea-SP relata que a população em geral conhece muito pouco o Guia Alimentar. “O documento não contribuiu como poderia. O material é simples de ser consultado e atenderia às necessidades da população”.
Produzido pela CDI Comunicação
Supervisão: Departamento de Comunicação do Crea-SP – DCOM/SUPGES
Colaboração: Estagiário Vinicius Sarcetta (Crea-SP)