Portal CREA-SP – Notícias – Crea-SP realiza 2° Encontro Paulista de Engenharia Ambiental 100% online

Durante o evento foi anunciado a criação do Plano de Fiscalização Ambiental



O Crea-SP realizou no dia 30 de janeiro o 2° Encontro Paulista de Engenharia Ambiental, 100% online e transmitido pelo seu canal do YouTube. O evento contou com a participação de vários especialistas da área, que realizaram palestras e discutiram temas cada vez mais relevantes aos profissionais e à sociedade em geral, com destaque para o anúncio da entrega ao Conselho da minuta de um Plano de Fiscalização Ambiental, pela coordenadora do encontro, a Engª Agrª Waleska Del Pietro (foto abaixo). “O plano foi elaborado pela comissão organizadora do evento. Não existia ainda um plano como esse. É fundamental entender que as questões ambientais fazem parte de todas as Engenharias, tudo está conectado com o meio ambiente” – disse a engenheira agrônoma.



Na abertura do evento o presidente do Confea, Eng. Civ. Joel Krüger (no telão abaixo), agradeceu ao Crea-SP e ao Eng. Vinicius Marchese, “pela oportunidade de participar do encontro, que colabora para a ampliação do conhecimento e fortalece a profissão, ainda mais por São Paulo ter o maior número de engenheiros ambientais registrados do país”.



Transformação Digital


Em seguida, o presidente do Conselho paulista, Eng. Telecom. Vinicius Marchese (no telão abaixo), fez uma apresentação sobre o processo de Transformação Digital implantado no Crea-SP. “Atualmente temos em São Paulo cerca de oito mil engenheiros ambientais e sanitaristas registrados. A Transformação Digital pela qual passa o Conselho só tem a colaborar com esses profissionais. Queremos transformar o Crea-SP numa plataforma de serviços digitais, mais ágil e eficiente. Assim, seremos uma referência no setor público. Vamos conectar empresas, profissionais, e estudantes, fornecendo orientação, capacitação, inovação e até mesmo oportunidade de colocação no mercado de trabalho”.



Fortalecer as associações


Para a presidente em exercício da Federação Nacional das Associações de Engenharia Ambiental e Sanitária (FNEAS), Enga Amb. Liane de Moura Fernandes Costa (no telão abaixo), iniciativas como essa fortalecem as associações de classe. “É gratificante perceber a integração dos profissionais. Lembro que a inovação, citada pelo presidente do Crea-SP, faz parte de nossa característica. Estamos sempre buscando melhorias nas nossas práticas”.



Economia circular


O primeiro palestrante do dia, o diretor corporativo da Ambipar, Eng. Amb. Gabriel Estevam, apresentou alguns cases de sucesso de sua companhia, focados em questões como Economia Circular, conceito econômico que faz parte do desenvolvimento sustentável e propõe a reutilização de resíduos de indústrias como matéria-prima reciclada.


O engenheiro (foto abaixo) citou exemplos do uso de resíduos de peixe, que, não sendo descartados, se transformam em ração para cães e gatos. “Percebemos que a indústria pet tem uma carência de alternativas nesse segmento e criamos um processo de transformação” – disse Gabriel.


Outra ação da empresa destacada pelo palestrante é o processamento de lixo orgânico para transformação em “água cinza”, que pode ser utilizada como água de reúso. O engenheiro também falou na utilização de resíduos para a manufatura de cosméticos e produtos de limpeza. “Não queremos ser fabricantes de ração ou cosméticos. O objetivo é mostrar que os resíduos podem voltar para a cadeia produtiva. Enxergar essas oportunidades faz parte da economia circular”.



Tratamento do lixo


O CEO da ZEG Ambiental, Eng. Mecatron. André Tchernobilsky (no telão abaixo), falou sobre tratamento de lixo, que, segundo ele, é responsável por 10% das emissões de gases de efeito estufa, sendo o maior poluente de oceanos e rios e ainda causando cerca de 20 doenças à população. “Os maiores prejudicados com essa situação são os pequenos municípios e o Brasil está pelo menos um século atrasado nessa área” – disse André.


A partir desse desafio, o engenheiro desenvolveu uma solução chamada “aterro sanitário móvel”, que requer pouco espaço para implantação e é indicada para uso em pequenas cidades. “Nosso modelo pode processar plástico, borracha, papel, biomassa e resíduo sólido urbano, além de recuperar matérias-primas e água e produzir energia limpa. Isso é economia circular. A única maneira de resolver o problema do lixo é através da engenharia e da inovação”.



O engenheiro elogiou o formato do encontro, multidisciplinar, que permite uma visão mais ampla sobre projetos na área da Engenharia Ambiental. “Quando o Crea-SP, com sua credibilidade, assume a realização de um encontro com este, é um indicativo para a sociedade de que as engenharias têm uma contribuição muito significativa no que se refere às questões ambientais e de saneamento”.

Tratamento de água


O diretor técnico do Portal Tratamento de Água e do Portal Saneamento Básico, Eng. Sanit. Eduardo Pacheco (no telão abaixo), falou de novas tecnologias em sua área de atuação, como a utilização de membranas e a oxidação avançada. “Sabemos que é necessário tratar a água, mas não mais numa estação convencional. É primordial reabilitar as estações existentes” – disse Eduardo.


O engenheiro sanitarista avalia que o evento tem como destaque divulgar importantes questões da Engenharia Ambiental, como a saúde humana e dos demais seres vivos. “Um encontro como este, que extrapola o círculo da Engenharia Ambiental, permite à sociedade conhecer a contribuição que podemos oferecer”.



Sustentabilidade na indústria


Gerente de Desenvolvimento da Special Dog, o Zootecnista João Paulo Figueira (no telão abaixo) abordou o tema da sustentabilidade, vital para qualquer empresa e para a população em geral. “O ser humano tem consumido cada vez mais e isso tem degradado o planeta. E a previsão para o futuro não é boa. Daí, a necessidade de uma responsabilidade socioambiental na tomada das decisões dentro das corporações” – disse o palestrante.


Figueira contou que sua empresa tem adotado projetos práticos nessa linha, como a produção de um gibi para crianças, com foco em questões ambientais, para ser distribuído em escolas e utilizado em sala de aula. “Também implantamos um sistema de compostagem de resíduos do nosso refeitório, que viram adubo e são utilizados numa horta dentro da empresa, para a produção de hortaliças que voltam para o refeitório”.


Outra ação é o projeto Guarda-Chuva, que capta a água da chuva nos telhados da empresa. A água é clorada e filtrada e usada em vários setores, como na horta, nos banheiros, no lavador de caminhões. “Em 2020 substituímos cerca de 847.000 litros por mês de água da rede pela água da chuva. A expectativa é chegar a um milhão de litros por mês em 2021”. A companhia também é signatária da Agenda 2030, criada pelas Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável.



Transporte de resíduos


A diretora-presidente da Cetesb, Dra. Patrícia Iglesias (no telão abaixo), falou do Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos (Sigor), que auxilia no monitoramento da gestão dos resíduos sólidos, desde sua geração até a destinação final, incluindo o transporte e destinações intermediárias e permitindo ainda o gerenciamento das informações referentes aos fluxos de resíduos sólidos no estado de São Paulo. “O Sigor está à disposição, já temos cerca de 11 mil empresas cadastradas”.


Além disso, Patrícia tratou da importância do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), instituído pela Portaria 280/2020 do Ministério do Meio Ambiente, como ferramenta de gestão e documento declaratório de implantação e operacionalização do plano de gerenciamento de resíduos.



Direito Ambiental


A sócia-fundadora da Santos & Cerântola Sociedade de Advogados e advogada especializada em Meio Ambiente, Adriana Ponce (no telão abaixo), apontou alguns números relacionados ao segmento e como isso pode impactar o mercado de trabalho do engenheiro ambiental. “Em 2020 tivemos 18.000 animais apreendidos e resgatados pela polícia ambiental. Em 2019 o Ibama emitiu 653 licenças ambientais e, em 2020, foram 528 licenças. A Cetesb emitiu 18.000 licenças em 2019 e 17.000 em 2020. Entendam que alguém está atuando nesse mercado. O engenheiro ambiental deve se antecipar, estudar a legislação ambiental e se apresentar aos possíveis clientes”.


Para a advogada, é fundamental que todos percebam que a atuação na área ambiental vai exigir a formação de equipes multidisciplinares. “Isso, inclusive, justifica minha presença neste evento. Eventos com este levam aos estudantes a realidade da profissão, como será seu futuro”.



Áreas contaminadas


O sócio-diretor da SBV Engenharia Ambiental, Eng. Amb. Paulo Oliveira (no telão abaixo), que se considera um abraçador de árvores, abordou a questão de tecnologias inovadoras na remediação de áreas contaminadas. No início, o engenheiro explicou quando é necessária a remediação. “Isso acontece quando há uma fonte de contaminação, um receptor humano ou ecológico ou um caminho que liga a contaminação ao receptor, no presente ou no futuro”.


Em seguida, apontou algumas opções que podem ser utilizadas para a remediação, como o processo térmico, aplicando técnicas de injeção de vapor, indução eletromagnética, incineração ou condução térmica.



Diretrizes para resíduos sólidos


O coordenador executivo do Comitê de Integração de Resíduos Sólidos da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, graduado em Ciências Jurídicas, mestre em Direito Ambiental e especialista em Direito Ambiental, José Valverde Machado Filho (no telão abaixo), ressaltou que o segmento de tratamento de resíduos sólidos é carente da presença do profissional de Engenharia Ambiental. “Isso precisa mudar, o engenheiro ambiental é indispensável, principalmente no planejamento de gestão e gerenciamento dos resíduos”.


Valverde revela que há um grande desafio de promover a valorização dos resíduos sólidos e o estado de São Paulo tem buscado isso por meio do Comitê que ele coordena. “Temos no Estado 645 municípios e 440 deles têm até 25 mil habitantes. Por isso, é preciso resolver a questão dos resíduos sólidos de maneira regionalizada e os engenheiros ambientais podem ajudar muito, nas questões de remediação, monitoramento e fiscalização, por exemplo. O trabalho técnico é fundamental”.



Pagamento por serviços ambientais


O deputado federal e Eng. Civ. Arnaldo Jardim (no telão abaixo), abordou o projeto que cria a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA), destinada a ajudar produtores rurais, indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais na conservação de áreas de preservação. “Uma rara e importante conquista”.


O deputado, que foi relator do projeto, ainda destacou o compromisso dos engenheiros ambientais e sanitaristas com as questões de sustentabilidade, emissão de gases de efeito estufa e mudanças climáticas. “O Brasil muitas vezes é visto como vilão nesse cenário; porém, a nossa legislação ambiental é a mais rigorosa do mundo. Temos todas as condições de nos posicionarmos na vanguarda desse movimento” – disse Arnaldo Jardim.



Cosméticos naturais


A fundadora da Beriah Cosméticos, Engª Amb. Fernanda Abdulhamid (no telão abaixo), contou um pouco sobre sua entrada no mundo dos cosméticos. “Desde o início da faculdade já me envolvi nos projetos de empresa júnior e de empreendimento”.


Depois de formada, Fernanda chegou a atuar em corporações de mineração, bebidas e alimentos. Porém, durante o mestrado, percebeu a possibilidade de empreender e se aprofundou no estudo sobre os impactos causados pela produção e uso de cosméticos convencionais e demais produtos da indústria cosmética e farmacêutica convencional. “Comecei produzindo meu próprio desodorante. Assim, surgiu a Beriah, uma empresa de produtos sustentáveis, naturais e veganos”.



Práticas de Gestão Ambiental


O consultor em Gestão Ambiental e professor universitário José Maria Bernardelli Junior (no telão abaixo), começou sua apresentação abordando a valoração ambiental, relacionada ao apreçamento para recuperação de um estado de desequilíbrio, que precisa ser definida por métodos juridicamente aceitáveis, atendendo aos princípios de proporcionalidade e razoabilidade. “Isso pode ser feito para atender especificamente demandas judiciais” – lembrou o professor.


Esses métodos e técnicas permitem estabelecer estimativas monetárias do recurso específico, em relação a outros bens e serviços disponíveis na economia. “É um processo que vale ser estudado pelo profissional da Engenharia Ambiental”.


Bernardelli citou os sistemas integrados de gestão que contemplam o negócio, o meio ambiente, a saúde e a segurança do trabalhador, com aderência legal e adoção de melhores práticas, com objetivo de alcançar resultados satisfatórios. “Aqui temos alguns desafios, como rever processos, engajar pessoas e a maneira como enxergamos os problemas”. 


O último ponto foi a análise dos fatores ambientais, sociais e de governança, que devem ser considerados para a realização de investimentos nas empresas. “Hoje as questões ambientais estão sendo relegadas ao quinto ou sexto plano. Em contrapartida, eventos como este mostram que temos muita gente capacitada atuando e trazendo informações, e dispostas a discutir e a trocar ideia. Eventos com este apontam para a renovação”.



Papel das associações


O conselheiro do Crea-SP, Eng. Amb. e Seg. Trab. Alan Romão (no telão abaixo), ressaltou a relevância do evento promovido pelo Conselho. “Fazer um evento dessa magnitude também tem como meta fortalecer a união do Crea-SP com as associações em prol da sociedade. Contamos sempre com a participação das entidades de classe”.


A presidente da Associação dos Engenheiros Ambientais da Bacia do Alto Tietê – São Paulo (Aeabat), Engª Amb. Carla Falasca, completou que o evento também mostrou que a Engenharia Ambiental tem várias situações diferentes a encarar, várias frentes de trabalho. “Dessa forma, é importante o processo contínuo de capacitação profissional, como o curso de pós-graduação, oferecido pela parceria do Crea-SP com a Univesp e Unesp”.



Debate final


Como última parte do evento, os mestres de cerimônia (na foto abaixo) Maria Constantino e Rodrigo Coladello promoveram um debate com alguns dos palestrantes, a respeito das melhores formas de empreender nas atividades de Engenharia Ambiental.



Confira, a seguir, importantes conselhos dos palestrantes:



Eduardo Pacheco


“Os investidores são frios na hora de decidir onde vão aplicar seus recursos. Então, antes de mais nada, tenha um bom plano de trabalho na mão”.



Paulo Vieira


“Empreender é um caminho árduo. Procure um diferencial e busque cada vez mais conhecimento. Foco nas questões fiscais, que podem ser complexas”.



Adriana Ponce


“Conheça a legislação e a use a seu favor. A legislação é um grande instrumento para inovação e empreendimento. Empreender é estar antenado com as novidades”.



José Maria Bernardelli Junior


“Elabore um bom planejamento estratégico, aprofunde seus conhecimentos e estude o mercado. É preciso entender quem será o consumidor dos seus produtos ou serviços e defina os canais de comunicação que usará para chegar a esse consumidor”.



André Tchernobilsky


“Encontre um problema e crie uma solução inovadora para resolvê-lo. Lembre-se de que no Brasil é muito difícil conseguir crédito para novos negócios. Os programas de fomento de inovação, instituídos por empresas privadas, são boas alternativas”.

Produzido por CDI Comunicação

Supervisão: Departamento de Comunicação do Crea-SP / SUPGES


Fonte

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